Luiz Schwarcz, editor por coincidência ou por vocação?
- iridescentebr
- 15 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de mai. de 2020
É reconhecido que o caminho até a Companhia das Letras foi difícil de construir, mesmo assim, Schwarcz arriscou-se e hoje é considerado um brilhante editor.

Começar uma editora do nada não é tarefa para qualquer pessoa. Muitos que embarcam nessa jornada geralmente já são do ramo ou preparam suas vidas desde o início da universidade para chegar a este momento, mas esse não é o caso do editor do qual falaremos a seguir, pelo contrário, a vida o conduziu por caminhos intrínsecos à constituição de uma das maiores editoras de obras gerais brasileiras. Estamos falando do reconhecidíssimo Luiz Schwarcz, fundador, escritor e editor da Companhia das Letras.
Luiz Schwarcz, único filho e neto de uma família judia que possuía uma gráfica de cartões, foi criado, segundo o desejo dos parentes próximos, para ser o sucessor do pai e mandatário na gráfica da família, sendo assim, optou logo de início por seguir a área de administração, porém, segundo seu relato, descobriu que seu “talento para administração não era muito significativo ou, basicamente também, não gostava de administração”.[1]
Após descobrir que não levava jeito nessa área, Luiz começou a se aproximar dos professores de Ciências Sociais da Faculdade Getulio Vargas, chegou até mesmo a pensar que seguiria a carreira acadêmica, possivelmente viraria professor ou algo do gênero, mas, devido ao estágio obrigatório, procurou uma vaga na área de administração com a qual tivesse mais afinidade. Como gostava de livros, encontrou uma vaga em uma editora, e logo estava contratado pela Editora Brasiliense, onde começou a ter seus primeiros contatos com a produção editorial.
Teve contato com Caio Graco (filho de Caio Prado Junior) e, em um momento de turbulência, em que a empresa havia saído de uma concordata, Luiz teve a oportunidade de aprender tudo o que sabe e utiliza até hoje. Segundo seu depoimento: “sugeri que fizéssemos uma coletânea de contos do Lima Barreto. Eu não era uma pessoa de letras, mas era atirado”.[2] Esse foi o primeiro livro que ele editou e o bom trabalho serviu de porta de entrada para outros tantos trabalhos que culminaram na carreira de sucesso que sustenta até hoje.
Foi da Editora Brasiliense que Schwarcz tirou inspiração para o modelo de negócios da Companhia das Letras, e, quando perguntado sobre as influências que moldaram a personalidade de sua empresa, o editor em questão não faz titubeios e, em sua humildade, reconhece: “não acho que tenha nada de original na Companhia das Letras. Ela pegou o que os outros faziam e juntou num modelo só”.[3]
Segundo Schwarcz, editar livros no Brasil é um bom negócio. Com o crescimento do investimento em educação, principalmente nas camadas mais baixas, que ascenderam para a classe média, o mercado editorial no país cresceu, o que não acontece necessariamente em outros países.[4]
Outro ponto também enfatizado por ele é sobre a atividade do editor: “o editor é um grande intermediário entre o escritor, no caso o escritor literário chega a ser um artista, ou qualquer outra pessoa que tem conhecimento e quer divulgar”.[5]
Uma vez questionado sobre o que diria aos seus leitores para que permanecessem na Companhia das Letras, Luiz Schwarcz disse o seguinte:
Ler é uma das coisas, eu sou suspeito de falar, mais gostosas que tem. É um exercício artístico-cultural no qual você ganha conhecimento, é um prazer solitário, mas que depois você pode compartilhar... Quem ainda não teve o prazer de dar momentos de solidão pra dialogar com sua própria imaginação, através do trabalho de um outro alguém, que pensou uma ideia, que inventou uma coisa, eu acho que devia experimentar, é uma ótima companhia.
Por meio desta breve análise do perfil do editor e fundador da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, é possível perceber, mesmo para os mais desatentos, que a produção editorial essencialmente carece de amor e paixão para poder sobreviver, que, embora as circunstâncias o tenham levado a dar os primeiros passos nessa carreira, foi sua vocação de comunicador e difusor de conhecimento que fez a diferença e, imprescindivelmente, levou a Companhia das Letras ao sucesso.
[1] Entrevista Luiz Schwarcz – Parte 1. YouTube, 19 de novembro de 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YmOQ-P1jp6M>. Acesso em: 17 maio 2016. [2] Rumo a uma nova estação editorial. O Estado de São Paulo. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,rumo-a-uma-nova-estacao-editorial-imp-,751977>. Acesso em: 4 maio 2016. [3] Idem. [4] Entrevista Luiz Schwarcz – Parte 1. YouTube, 19 de novembro de 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YmOQ-P1jp6M>. Acesso em: 17 maio 2016. [5] Idem.
Grande editor!!!